A preparação física no golfe

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Como consequência de estar vinculado à preparação de desportistas que praticam golfe, é bastante habitual que seja interrogado sobre o porquê de determinados trabalhos dedicados à melhoria de certas capacidades que parecem não ser tão específicas deste desporto. Recentemente, dialogando com alguém que observava a planificação de um deles, várias questões me foram feitas. Vejamos.


Porque este deportista tem que correr, quando na realidade ele só caminha durante o jogo e, além disso, o faz de uma maneira intermitente e com pausas variáveis?
Em geral quando analisamos um desporto, deveremos considerar dois aspectos no tema da sua preparação, um que está associado estritamente ao que acontece, no jogo propriamente dito, o outro ao que se faz durante o treino. Assim, para compreender este ponto, digamos que um jogador de golfe poderá fazer num jogo uma quantidade de golpes que poderão variar entre menos de 72 até alguns acima desse número. Se nos limitássemos a essa “leitura”, pois pareceria que alcançaria ao repetir esse número de golpes dado que isso reflectiria a quantidade exacta que o desportista efectuará. Os que praticam o desporto sabem perfeitamente que somente num dia de treino esse número total mencionado se supera muito amplamente, chegando a 200 ou mais em muitas das práticas da semana. O motivo é mais que óbvio, a repetição do gesto intenta neste caso a melhoria do mesmo.


Ainda que isto se possa entender muito bem, não se compreende o porquê de planificar a corrida contínua quando - no jogo isto não é necessário? Todo o desportista, independentemente do desporto que pratique, deverá ter a precaução de gerar algumas adaptações que vão desde o nível anatómico até ao fisiológico. E isto porque elas possibilitarão que muitos benefícios apareçam não só no jogo como também durante a recuperação. Se analisarmos o caso da corrida, ela não só gera o que comummente se designa como “desenvolvimento da resistência”. Isto só é uma parte, diríamos mínima, das adaptações que eventualmente podem ajudar ao golfista.
Produzem-se por este tipo de treinos outras mudanças positivas que têm que ver com a correcta utilização da energia muscular, adaptações ao stresse por calor, melhorias na resposta hormonal, e muitos outros benefícios que se repercutirão muito positivamente na performance.

Mas há muitos golfistas que não fazem isto e têm êxito igualmente?
Infelizmente fomos educados para encontrar explicações do tipo causa-efeito. Quero dizer com isto que muitas vezes comete-se o erro de pensar que o realizar certas coisas ou não a nível de preparação físico desportiva podem ser as razões do êxito ou do fracasso desportivo. Na realidade esta é uma leitura tão parcial como equivocada do fenómeno de treino. São muitos os factores que influenciam não só a parte física, como se pode imaginar. Quem realiza este tipo de planificações controla certas variantes que de outra maneira não seria possível, e neste ponto, as possibilidades de aumento de rendimento (e com ele da melhoria geral dentro do desporto) são mais prováveisde ser alcançadas.


Mas correr, pontualmente, em que o beneficia? E realizar treinos de força, ajudará alguma coisa?
Os progressos são múltiplos e dependem fundamentalmente de quem é a pessoa, dos seus antecedentes, da sua idade e até do sexo. O golfe é um desporto essencialmente de tipo aeróbio visto que parte do mesmo implica deslocar-se caminhando. Mas também tem um alto componente de um tipo especial de força.


Os treinos aeróbios que intercalam corridas produzem efeitos positivos sobre o jogo, mas também muito durante os treinos da semana (menor fadiga e, fundamentalmente, muita maior e mais rápida recuperação). Quanto à força, pois aspectos como lançar mais longe e com muita mais precisão dependem substancialmente da qualidade física. Só que não é qualquer tipo de força a que deve abordar-se. E aqui também dependerá de quem estejamos a treinar. Se tiver base neste campo do treino será um modelo especial de força a abordar se não tem pois terá que passar pelos estádios que isso metodologicamente reclama para produzir adaptações imprescindíveis da etapa seguinte.

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