Ora, o complexo neuro-motor do velho está apto a reagir a solicitações que lhe restituam grande parte da potência contráctil, latente, mas não destruída, da sua musculatura.
Fica-se admirado com a força muscular readquirida pelo exercício físico e que se deve à regeneração funcional do complexo fibrilhar.
Todavia os músculos pouco aumentam de volume, diferença considerável entre o que se passa no velho e no jovem e que se deve a razões de ordem endócrina de efeitos anabolizantes a partir da testosterona, e que promovem o acréscimo de sarcoplasma.
Os anabolizantes, estão logicamente reduzidos no velho. Nalguns casos, porém, a melhoria da circulação que o exercício promove em todo o organismo e por conseguinte ao nível das glândulas endócrinas, pode também conferir ao idoso certa capacidade de hipertrofia muscular.
O facto de habitualmente os músculos não recuperarem sarcoplasma, conjuntamente com as alterações fibróticas da velhice, implica determinadas características da actividade física do idoso, na tentativa do máximo reforço da elasticidade muscular, não só das fibrilhas, mas do tecido conjuntivo intersticial, que por distenções sucessivas irá perdendo a rigidez instalada por inacção e velhice.
Para o efeito temos que analisar as acções específicas dos vários tipos de contracção:
As contracções podem ser isométricas, em que os músculos se contraem sem provocar movimento (exemplos: suportar um peso com os braços flectidos; empurrar um obstáculo que não se move); ou isodinâmicas, provocando o movimento na máxima amplitude que permitem as charneiras articulares.
No primeiro caso faz-se força estática; no segundo, força dinâmica.
Suponhamos que temos de levantar um peso do chão e colocá-lo sobre um móvel. Os músculos bicipedes dos braços contraem-se e encurtam-se. Se fizermos o trabalho oposto, de tirar o peso de cima do móvel e colocá-lo no chão, os bicípedes. embora contraindo-se, deixam-se alongar.
No primeiro caso diz-se que a contracção é concêntrica ou com encurtamento. No segundo a contracção é excêntrica ou com alongamento.
As contracções isométricas e as concêntricas favorecem, sobretudo, a potência muscular; as isodinâmicas e excêntricas, a elasticidade.
Os movimentos que a nossa actividade física exige são um misto destes tipos de contracção.
As características da vida de relação do idoso, quase limitada ao cumprimento de necessidades elementares, acentuam o predomínio das contracções de tipo isométrico, que é próprio da nossa compleição física.
Enquanto que os obstáculos mecânicos ao acto motor, por dores e rigidez articulares e infiltração fibrosa das bainhas musculares impedem a contracção dos músculos em condições isodinâmicas satisfatórias.
Aliás, o tipo isodinâmico puro, em que o músculo se contrai no máximo da sua capacidade de encurtamento, só é possível em condições experimentais, com músculos isolados.
As sessões de ginástica dos idosos devem compreender sobretudo exercícios de contracção isodinâmica e com alongamento muscular (ver esquemas), por serem os que mais contribuem para recuperar a elasticidade, além de exigirem um metabolismo mais económico, o que dada a escassez de sarcoplasma constitui outra vantagem.
A redução do território de fadiga obriga também a um determinado ritmo do exercício, como será indicado ao tratar das normas gerais dos esquemas de ginástica.
A tonificação das massas musculares não compreende apenas — como poderá depreender-se do que fica exposto — o aumento do seu poder contráctil, mas também reforço do tonus.Como se disse, o tonus depende do estado central dos neurones motores que é reforçado pelos impulsos tonígenos sensoriais dos músculos que trabalham. A melhor e mais frequente mobilização destes tem, por isso, um efeito considerável na hipotonia muscular que tantas vezes se verifica nos idosos.
0 comentários: on "TONIFICAR - IDOSO"
Enviar um comentário