Na prática a mobilização articular esbarra por vezes com dificuldades, entre as quais as dores, que podem assumir aspectos e acuidade impeditivas de todo o acto mecânico.
Convém assegurarmo-nos se a dor provém duma afecção articular aguda, em que a mobilização está contra-indicada, ou se corresponde a situações crónicas mais ou menos acentuadas — como é comum na velhice.
É esta a situação com a qual tem geralmente que se enfrentar o instrutor de ginástica dos idosos e aplicar-lhe acções mecânicas apropriadas.
Qualquer movimento pode provocar dores com as quais tem de se contemporizar desde que não sejam em excesso. A forma mais eficaz de vencer este obstáculo inicial, é fazer repetir o mesmo acto mecânico com amplitude crescente (insistências).
O grande objectivo da mobilização é restituir ao gesto motor a sua máxima amplitude, a fim de que o dispositivo articular realize de forma completa os movimentos para que foi destinado e permita aos músculos o pleno desenvolvimento do seu potencial. Em regra pretende-se fazer a mobilização recuperadora através de aparelhos em que se repete, em cada sessão, um certo número de vezes, um exercício de amplitude sempre igual.
Este processo quase não tem influência no aumento da amplitude do movimento, que só por insistências se consegue e até no decurso da mesma sessão se acrescenta.
Compreende-se que estão incluídos na mobilização, pela qual se iniciam os esquemas, os exercícios de aquecimento que igualmente são correctivos.
Devem abranger todas as regiões do corpo e ser executados da forma mais perfeita.
Não se deve permitir que o idoso faça exercício de qualquer maneira, o que só irá manter — se não agravar — as deformações e carências motoras que adquiriu nos posicionamentos e gestos imperfeitos de toda a vida.
Em qualquer fase do esquema de ginástica o instrutor deve esforçar-se para que os praticantes se aproximem da perfeição ou a realizem.
No que se refere ao problema articular, o objectivo da mobilização não é apenas aumentar a mobilidade, ou recuperá-la por completo. É, consecutivamente, impedir que se instalem ou progridam as afecções degenerativas da cartilagem articular que tanto sofrimento causam; e tentar — muitas vezes conseguir — que se tornem indolores.
Já sabemos que as cartilagens se desvitalizam quer por imobilidade, quer por compressão prolongada. A mobilização tem que, por isso, solicitar todo o dispositivo articular do nosso organismo. Mas são, sobretudo, os ombros, as ancas e os joelhos que mais acusam a deterioração senil.
Devemos dedicar-lhes atenção especial, como exemplificaremos em esquemas a apresentar.
Quanto à coluna vertebral, tem que ser alvo dos maiores cuidados, no que se refere à mobilização, como, aliás, à tonificação dos músculos que a envolvem.
A flexibilização duma coluna deformada, rígida e doente — como são quase todas na senilidade — não é tarefa fácil.
Os movimentos de flexão anterior e posterior, de flexão lateral e de rotação (ver esquemas) exigem uma progressão muito lenta, todavia sempre vantajosa e quando não correctiva — de escassas possibilidades — pelo menos anti-álgidas.
As reservas motoras dos idosos são impressionantes, mas raramente apreciadas no seu valor potencial. Donde imprimir-se à sessão de ginástica um carácter pouco mais do que recreativo, sem outra influência proveitosa que não seja distrair.
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