Por Luiz Henrique Rezende Maciel - Mestrando em Treinamento Esportivo - UFMG - Artigo preparado para a disciplina 'Tópicos Especiais - Coaching' - 2003.
Seguir o percurso de técnico implica em treinar os atletas buscando desenvolver todas as suas habilidades, sendo elas físicas ou psíquicas. Sabe-se que durante o treinamento muitas das habilidades físicas, como por exemplo, a força, a coordenação ou a flexibilidade, e das habilidades psicológicas como o controle do medo ou a ativação, são largamente exploradas e a busca pelo seu aprimoramento faz-se essencial para a melhoria geral dos atletas. A busca pela melhoria geral do atleta se resume a um objetivo principal que é a competição, a qual iremos tratar no decorrer deste editorial.
Ao propor uma meta a ser seguida, o técnico geralmente tem em mente alcançar um determinado resultado em uma competição. Após ter trabalhado com os atletas na formação de uma meta comum, o que é importante pois quando toda equipe está empenhada em um objetivo comum é mais provável que ele seja atingido, o técnico prepara sua equipe para o desafio iminente que é a competição.
Ao pensar na competição, muitas vezes temos em mente o momento exato de confronto (em esportes coletivos ou em que os atletas se confrontam diretamente) ou de apresentação (em esportes individuais ou sem confronto direto), porém a competição não se resume somente ao momento em que os atletas estão buscando atingir o que se propuseram, mas sim a todo o contexto que envolve tal busca. Vemos muitos técnicos, geralmente menos experientes, sobrecarregarem seus atletas de instruções e emoções nos momentos que antecedem ao seu desempenho e principalmente durante ele, dando inúmeras instruções durante à prática, muitas vezes agindo até com certa insanidade durante à competição. O que acontece nesses casos é que os atletas que possuem uma boa concentração geralmente não dão atenção às instruções, ignorando à presença do técnico, porém em contra partida os atletas que não possuem tal capacidade de concentrar-se são profundamente afetados com instruções tardias (durante à prática), perdendo seu foco principal, tendo então graves prejuízos em seu desempenho.
Os momentos que antecedem à competição devem ser destinados a prática de relaxamentos e exercícios que levem os atletas a fecharem seu foco, se voltando diretamente à tarefa que irão executar, por exemplo, na ginástica aeróbica através da mentalização de suas rotinas, ouvindo sua música, passando suas movimentações de braços. O importante é que o técnico identifique qual a melhor forma de ativar e preparar cada atleta para a competição, pois da mesma forma que alguns prefiram somente relaxar, outros preferem repetir algumas seqüências de movimentos, estando mais ativos no período que antecede a competição. Assim, o técnico deve controlar cada situação dentro da individualidade de cada atleta. De forma geral é primordial que o técnico mantenha o controle de suas emoções não demonstrando ansiedade ou insegurança à sua equipe, controlando assim as emoções de todo o grupo, e também que não dê instruções novas, ou seja, diferentes das que foram dadas durante os treinamentos, para que os atletas não tenham que encontrar naquele momento novas soluções para os novos problemas.
Durante a competição podemos identificar dois extremos opostos, vemos técnicos gritando com sua equipe e também aqueles que permanecem em silêncio ou se reservam a algumas poucas instruções. O principal é que o técnico conheça seus atletas, isso porque alguns necessitam de um empurrão (que é o estímulo dado por eles durante a prática) enquanto outros não conseguem assimilar informações durante a execução de sua rotina, como vimos anteriormente perdendo seu foco assim tendo prejuízos durante o desempenho da tarefa. É sempre viável que as instruções dadas durante a prática sejam principalmente de estímulo e em raros casos de correção, porque o atleta já está voltado a resolver os problemas que já percebe, assim quando o técnico vem com novos problemas o atleta pode se confundir quanto às suas ações.
Após a competição é sempre importante que o técnico dê um tempo para o atleta se estabilizar, revendo os pontos fortes e fracos de seu desempenho, estando posteriormente mais apto a correções que irão auxiliá-lo numa próxima competição. Mesmo que o atleta ou a equipe tenham vencido, são raras as vezes que eles não necessitam de alguma correção, da mesma maneira que mesmo que o atleta ou a equipe tenham sido derrotados, geralmente há pontos positivos a se destacar. Qualquer vitória deve ser comemorada e também qualquer derrota deve ser consolada, assim o técnico mantém sempre aberto seu canal com os atletas. O melhor momento de se ressaltar os pontos positivos ou corrigir os negativos é sempre um ou dois dias após a competição, porque é quando os atletas já estão mais calmos e longe do fervor do momento, podendo então assimilar melhor às informações, acatando suas falhas e buscando juntamente com o técnico meios para corrigi-las.
É importante que o técnico não assuma uma postura de superioridade perante sua equipe, afinal o resultado de uma competição não depende somente do atleta mas do trabalho realizado por toda equipe, sendo o técnico o principal responsável por ela. Se um planejamento bem executado não surtiu os efeitos esperados cabe ao técnico buscar novos meios para alcançar os objetivos da equipe, afinal sempre há uma próxima vez.
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